O costume de festejar o mês de junho surgiu na Europa antiga, antes do cristianismo. Junho era um mês especial, a primavera chegava ao fim e o verão se aproximava. E, com a nova estação, dias mais longos e quentes: época ideal para o plantio.
As alterações no clima eram atribuídas à magia e aos deuses.
Dias quentes e ensolarados, depois dos meses frios do inverno e dos dias amenos da primavera, eram considerados uma bênção divina.
Assim, os povos criaram rituais para garantir a boa vontade e a bondade das divindades responsáveis por esses fenômenos.
No século IV, quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Ocidente, as principais celebrações pagãs foram sendo incorporadas ao calendário das festas católicas.
Aos poucos, os cristãos foram criando novos mitos para explicar as práticas anteriores, o que se chama de sincretismo religioso.
Para justificar o uso do fogo na festa cristã, conta-se que Santa Isabel teria acendido uma fogueira para avisar Maria, sua prima, do nascimento de seu filho João Batista, comemorado dia 24 de junho.
As comemorações foram ampliadas no século XIII, incluindo o dia da morte de Santo Antônio de Lisboa ou de Pádua, 13 de junho, e o da morte de São Pedro, 29 de junho.
No Brasil as festas religiosas foram difundidas pelos jesuítas quando aqui chegaram, e as celebrações do mês de junho se mostraram muito eficazes para atrair a atenção dos indígenas para as mensagens catequizadoras dos padres, pois eram comemoradas com fogueiras, rezas e muita alegria, e coincidiam com o período em que os índios realizavam seus rituais de fertilidade.
Essa coincidência de comemorações fez com que as festas juninas ficassem entre as preferidas no calendário das festas brasileiras.
Nas diversas regiões culturais do Brasil, a tradição se mantém até hoje: nas festas juninas deve-se agradecer a abundância do ano anterior, reforçar os laços familiares e rezar para que os maus espíritos não impeçam a próxima colheita; no entanto, ganham cor local, variando os tipos de danças, indumentárias, comidas e banhos. A quadrilha, dança característica das festas juninas, difundiu-se no Brasil, em 1808, com a chegada da Corte Portuguesa. De origem francesa, logo caiu no gosto popular e foi incorporada às festas juninas.
Além dela, atualmente também são comuns folguedos e danças específicas de cada região do país.
Por exemplo, no Nordeste, o coco e o boi-de-são-joão.
Nas regiões cafeicultoras, o cateretê, a cana-verde, o samba-de-lenço, a ciranda e o batuque.
No Amazonas, a polca, a valsa e o samba.
A tônica das festas juninas são a fogueira, o foguetório, o milho, o quentão, o mastro e as rezas dos santos juninos: São João, São Pedro e Santo Antônio.
Santo AntônioFestejado no dia 13 de junho, é um dos santos de maior devoção popular tanto no Brasil como em Portugal. Nascido em Lisboa a 15 de agosto de 1195, Fernando de Bulhões veio a falecer em Pádua, na Itália.
Recebeu o nome Antônio ao passar em 1220 da Ordem de Santo Agostinho para a Ordem de São Francisco, podendo ser conhecido como Santo Antônio de Lisboa ou Santo Antônio de Pádua. Santo Antônio era admirado ainda em vida como um ótimo orador que pregava a palavra de Deus sendo esta entendida inclusive pelos estrangeiros.
Não são, porém, os feitos realizados em vida que interessam aos devotos deste santo, mas sim tê-lo como seu camarada, a quem pedem para encontrar coisas perdidas, um noivo para as raparigas ansiosas…
É por assim dizer o "
santo dos milagres", pois como afirmou o padre Antônio Vieira, em um sermão de 1663 realizado no Maranhão, seus milagres não se limitam a arranjar noivos para as donzelas ou encontrar coisas desaparecidas, "se vos adoece o filho, Santo Antônio; se vos foge um escravo, Santo Antônio; se requereis o despacho, Santo Antônio; se aguardais a sentença, Santo Antônio; se perdeis a menor miudeza de vossa casa, Santo Antônio; e, talvez se quereis os bens alheios, Santo Antônio".
É o santo familiar, protetor dos taverneiros e dos varejistas em geral, sendo comum encontrar a figura deste santo em estabelecimentos comerciais.
É o padroeiro das povoações, dos soldados; inclusive tendo enfrentado em vida aventuras guerreiras, como soldado português. Neste sentido ele teria o papel de heróico defensor da integridade do solo brasileiro, como explicitam os cronistas que relatam a libertação de Pernambuco das holandeses, assim como os que falam da defesa da Colônia do Sacramento ao sul, e da defesa do Rio de Janeiro com relação aos franceses; atribuindo a vitória à proteção deste santo.
A influência deste santo é sensível entre o povo brasileiro, que em geral não quer uma imagem grande do santo, mas uma pequena, portátil que possa ser manejada as vezes um tanto quanto severa e impiedosamente: " É bom carregá-lo na algibeira, é para proteger."
Em homenagem a Santo Antônio, geralmente, são realizadas duas espécies de rezas e festas: os responsos, quando ele é invocado no caráter de achar coisas perdidas e a trezena, cerimônia que se prolonga por entre cânticos, foguetório, comes, bebes, do primeiro a treze de junho de cada ano.
No dia 13, é comum a busca do
"pãozinho de Santo Antônio".
Os fiéis vão às igrejas buscar o pão dado gratuitamente pelos frades. Em troca, costumam deixar ofertas.
O pão é bento e acreditam que se deve colocá-lo junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais nas casas dos que assim procedem.
Sendo o dia de Santo Antônio comemorado alguns dias antes da comemoração do nascimento de São João, em suas festividades estão presentes elementos próprios das festas deste último, como: os fogos e a fogueira.
São João João BatistaSanto católico, primo de Jesus Cristo, morreu a 29 de agosto do ano 31 d.C., na Palestina; tendo sido degolado por ordem de Heródes Antipas, a pedido da sua enteada Salomé, pois a pregação do filho de Santa Isabel e São Zacarias incomodava a moral constituída na sua época.
Antes mesmo de Jesus, Batista já pregava publicamente às margens do rio Jordão. Destacando-se por seu jeito áspero e intolerante de ser, instituiu a partir da prática de purificação através da imersão na água, o batismo, tendo inclusive batizado o próprio Cristo nas águas deste rio.
O dia 23 de junho, véspera do nascimento de São João e quando são iniciados os festejos, é esperado com especial ansiedade.
A importância de São João fica bastante clara, quando percebemos que dentre os santos do mês de junho, ele teve o poder de dar ao mês o seu nome (mês de São João) e qualificar de "joaninas" as festas realizadas no decurso dos seus 30 dias.
São João é muito querido por todos: moças, velhas, crianças ou homens, seja para fazerem de oráculo nas adivinhações ou para festejarem pirotecnicamente com fogos de artifício, tiros e balões coloridos, além dos banhos coletivos pela madrugada.
São inúmeras as lendas relativas a este santo e a tradição da sua festa: fogueira acesa à porta de cada casa para relembrar a fogueira que Santa Isabel acendeu para avisar Nossa Senhora do nascimento do seu filho, por exemplo. O São João, segundo a tradição adormece no seu dia, pois se estivesse acordado vendo as fogueiras que são acesas para homenageá-lo, não resistiria: desceria à Terra e esta correria o risco de incendiar-se.
As danças regionais, o som das violas, rabecas e sanfonas, o banho do santo, o ato de pular a fogueira, a fartura de alimentos e bebidas; compõem a festa de São João e transformam-na em uma noite de encantamentos, que inspira amores e indica a sorte dos seus participantes que pisam, no fim da festa, na brasa da fogueira para demostrarem sua devoção.
Lenda:Bombas de São JoãoAntes de São João nascer, seu pai São Zacarias andava muito triste por não ter filhos. Certa vez, apareceu-lhe um anjo de asas coloridas, todo iluminado por uma luz misteriosa e anunciou que Zacarias seria pai. A sua alegria foi tão grande que Zacarias perdeu a voz e emudeceu até o nascimento do seu filho. No dia do nascimento do seu filho, mostraram-lhe a criança e perguntaram como desejava que se chamasse. Zacarias fez grande esforço e por fim conseguiu dizer: - " João". Desse instante em diante Zacarias voltou a falar. Todos ficaram tão felizes e foi um barulhão enorme. Eram vivas para todos os lados. Lá estava o velho Zacarias, contente, olhando, orgulhoso o filho recém nascido…
Dai as bombinhas, tão apreciadas pelas crianças fazerem parte dos festejos juninos.
São PedroSão Pedro cativa os devotos por sua história pessoal.
Nascido como Simão em um vilarejo pagão na Galiléia, levou a vida como pescador na cidade de Carfanaum, até que, junto com seu irmão André, foi convocado por João Evangelista para fazer parte do grupo mais próximo de seguidores de Jesus Cristo.
Simão era um dos apóstolos preferidos de Cristo, que admirava sua liderança firme e lhe deu o nome de Pedro (Petrus), que significa pedra, rocha. Justificando isso, Jesus teria dito: "És Pedro! E sobre esta rocha construirei minha Igreja".
Pedro viveu muitos anos após a morte de Jesus Cristo, dedicando sua vida à pregação das palavras de seu mestre pelo Império Romano, tanto na Palestina quanto em Antióquia.
Por esse motivo e por sua proximidade com Cristo, ele é considerado fundador da Igreja Católica Romana, tendo sido o primeiro papa.
Depois da sua morte, São Pedro segundo a tradição católica, foi nomeado o chaveiro do céu.
Para entrar no céu, é necessário que São Pedro abra as portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de fazer chover, assim quando começa a trovejar, e as crianças choram com medo, suas mães tentam acalmá-las dizendo: " é a barriga de São Pedro que está roncando" ou " ele está mudando os móveis do lugar".
No dia 29 de junho, São Pedro é cultuado como protetor das viúvas e dos pescadores e são realizadas procissões terrestres e marítimas em sua homenagem.
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Bibliografia sobre Festa JuninaClique aqui para obter alguns textos disponíveis na Biblioteca Pública Estadual Luís de Bessa